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Panelas e Palavras: Cozinhar para Nutrir o Corpo e o Coração.

Panelas e Palavras: Cozinhar para Nutrir o Corpo e o Coração.

Em um mundo onde comer se tornou apenas mais uma tarefa da rotina acelerada, raramente paramos para refletir sobre o que realmente significa a nossa relação com a comida. Peter Bringe comenta que a comida é parte da nossa cultura e visão de vida, e a maneira como acreditamos determina a forma como interagimos com ela. Infelizmente a nossa cultura não interage bem. Desde o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados às dietas da moda e a vida fitness das blogueiras, o que vemos é uma gangorra que leva muitos a um relacionamento completamente desequilibrado com a comida.

A ideia de comprar o alimento ainda cru, para que seja preparado e se espere o tempo de cozimento, não é mais prática comum. É quase um legado das avós, com panelas e receitas caseiras ficando cada vez mais distantes do cotidiano moderno. Mas e se estivermos perdendo algo essencial ao abrir mão do hábito de cozinhar? O que podemos resgatar – para nós e para as próximas gerações – ao redescobrir o valor de preparar nossa própria comida?

Estimulamos a capacidade criativa de transformar o alimento. Quando sempre encontramos algo pronto e apenas comemos, perdemos a capacidade que temos de transformar as coisas. Somos seres criativos e isso vale quando vamos para cozinha também. Não precisa ser um chef, o simples fato de pegar um ovo cru e, usando as ferramentas adequadas, transformá-lo em um ovo cozido ou frito, demonstra nossa capacidade de nos relacionar com a natureza criada e transformá-la para as nossas necessidades e deleite. Isso é extremamente positivo quando ensinado desde a infância.

Aproveitamos as oportunidades de zelo e cuidado pela criação. Em geral, alimentar-se em casa é mais econômico. Na maioria das vezes, ao fazer nossa própria comida geramos menos lixo também. O zelo e o cuidado pela criação, passa pelo fato de que ao lidar diretamente com o alimento in natura, o conhecemos, sabemos de onde ele vem, e temos uma relação mais próxima com a natureza. Quantas crianças desconhecem o nome de algumas frutas e verduras? Quantas acham que o leite vem da caixinha? Esse zelo, amor e cuidado pela criação, certamente se intensifica quando temos essa relação de proximidade com ela através do preparo dos alimentos.

Exercitamos nossa paciência. Pode até ser mais fácil comprar um bolo pronto e comer. Mas, pode ser bem mais positivo para quem vive sem paciência, em um mundo acelerado, a arte de fazer, esperar assar, esperar esfriar para então, saborear um pedaço de bolo. Num simples pedaço de bolo podemos experimentar a leveza da vida e desacelerar! Aqui, literalmente, o apressado come cru, e aquela criança impaciente, que quer tudo na hora, pode com esse simples exercício entender o benefício e as recompensas da espera.

Desfrutamos de uma relação saudável com a comida. Manter o corpo funcionando de maneira equilibrada é fundamental e isso passa por alimentar-se bem. Para além das dietas da moda, e da valorização exagerada dos aspectos nutricionais, especialistas são unânimes ao afirmar que o melhor para a saúde é a comida em sua forma mais natural, preparada sem excesso de processamento, a chamada “comida de verdade”. Ela é importante para que tenhamos saúde, para que diminuamos a obesidade infantil e uma série de doenças decorrentes de nossa má alimentação. Possuir uma relação saudável com a comida, não é simplesmente deixar de comer alimento A ou B, mas perceber, desde a mais tenra infância que uma relação de equilíbrio com os alimentos é fundamental.

Aprendemos inglês! Isso mesmo, você não leu errado. Cozinhar com as crianças é algo que pode complementar de forma lúdica e educativa o estudo da língua inglesa transformando a cozinha em uma sala de aula interativa. Ao seguir receitas em inglês, as crianças têm a oportunidade de aprender o vocabulário relacionado a alimentos, medidas e ações, enquanto praticam a compreensão auditiva e a leitura. A experiência prática de preparar pratos cria um ambiente descontraído, onde erros servem como oportunidades de aprendizado. Além disso, o uso de comandos e descrições em inglês durante o preparo estimula a comunicação, reforçando a memorização de novas palavras e expressões de maneira divertida e envolvente. Em vez de apenas memorizar palavras e regras gramaticais, elas podem mergulhar em uma experiência sensorial que desperta a curiosidade e promove a prática do idioma de forma natural e divertida. Cozinhar não é apenas sobre seguir receitas, mas também sobre aprender uma nova língua enquanto coloca as mãos na massa – literalmente!

Não é necessário se tornar um chef de cozinha ou mudar totalmente sua vida e rotina para cozinhar todos os dias em casa. Ao aproveitar essa oportunidade, certamente experimentaremos algo mais saboroso que um simples prato de comida; degustaremos lições que servirão para toda a nossa existência."

Ivonete Porto é casada com Allen Porto, mãe do Matias (8) e da Lúcia (6). Formada em Pedagogia e Teologia, possui mais de 20 anos de experiência no ensino infantil. Atualmente trabalha como consultora materno-infantil e serve na Igreja Presbiteriana de Barretos, onde seu esposo é pastor.

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