Our Kingdom School
Publicado em
4 de abril de 2024
4 de abril de 2024
Páscoa
Our Kingdom School
Páscoa
Experiência deve ser uma das coisas que várias pessoas não veem a hora de ter. Se você é jovem e está se formando na Universidade, certamente fez estágios que visavam, além de outras coisas, te dar experiência naquela área em que você está se profissionalizando. Se você é adolescente, talvez queira logo ser alguém experiente a fim de ter mais responsabilidades e independência. Quem sabe você é um recém habilitado e não vê a hora de ter mais experiência dirigindo para andar por aí com mais tranquilidade e sem precisar temer nenhuma baliza.
Dificilmente alguém não gostaria da ideia de ser experiente em algo, seja pessoal ou profissional. Mas você já pensou em ser alguém experimentado no sofrimento? Eu suspeito que de todas as áreas que já passaram pela sua mente e lhe despertaram a vontade de ter experiência, o sofrimento não deve ter sido uma delas. E se eu te disser, que a pessoa que menos merecia sofrer neste mundo, foi justamente quem recebeu essa classificação? Surpreendente não? Mas é exatamente por isso, que pecadores como eu e você lendo esse texto, podem ter perdão, salvação e paz com Deus.
Um capítulo belo, porém chocante
Isaías 53 é um desses capítulos na Bíblia que são impressionantes de formas diferentes, e talvez, até paradoxais. Boa parte das nossas Bíblias nomeiam esse capítulo (juntamente com os três versículos finais do cap. 52, que fazem parte do mesmo bloco) como “O sofrimento vicário do Servo do SENHOR”. É um título que provém da Sociedade Bíblica, que até resume bem o conteúdo do capítulo.
Esse é um dos chamados cânticos do servo presente no livro deste profeta, e aqui o servo do Senhor é retratado como um servo sofredor, aquele que em favor de muitos deu, obedientemente, a sua vida. Claramente esse capítulo tem seu cumprimento pleno em Jesus. O eunuco etíope, servo de Candace, ouviu uma bela explicação de Filipe, quando tinha dúvida sobre quem esse texto falava (Atos 8.26-40). São vários os pontos que poderiam ser mostrados, mas vamos falar apenas de algumas coisas presentes no versículo três que diz:
“Foi desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de dores e experimentado no sofrimento. Como alguém de quem os homens escondem o rosto, foi desprezado, e nós não o tínhamos em estima” (Isaías 53.3, NVI)
Não era novidade
Cristo não foi pego de surpresa pela dor ou pelo sofrimento. Só de ter-se encarnado Jesus já se encontrava em um estado de humilhação. Você pode ter mais informação teológica sobre isso lendo algum dos clássicos Catecismos Reformados¹. No seu ministério ele avisou ao menos três vezes para os seus discípulos que ele sofreria, seria morto, mas depois de três dias ressuscitaria. Veja como relatou Lucas: “É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas e seja rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, seja morto e ressuscite no terceiro dia” (Lucas 9.22, NVI).
Jesus não apenas alertou a seus discípulos que aquilo aconteceria, mas disse que era necessário que fosse daquela forma. Jesus foi de fato rejeitado e desprezado pelos homens. Isso aconteceu no decorrer de sua vida, mas especialmente no final dela, com uma série de eventos que levaram ao seu ponto máximo: a cruz do Calvário.
Relembrando alguns deles: Jesus foi traído por um dos seus (Lucas 22.48) e negado por outro (Lucas 22.54-62); foi preso na surdina como se fosse um bandido (Marcos 14.48); seus discípulos o deixaram (Marcos 14.50); foi interrogado e julgado injustamente; foi açoitado e caçoado (João 19.1-3); já sobre a cruz também foi afrontado (Mateus 27.38-44). Como se não bastasse a intensa dor da crucificação, um dos métodos mais dolorosos de tortura que já foi inventado, Jesus ainda recebeu incontáveis afrontas.
Experimentado no sofrimento
Todas essas coisas, e outras que não citamos, faz com que Jesus se encaixe perfeitamente na profecia de Isaías. Ele foi um servo sofredor. Mesmo sendo Filho, diz a carta de Hebreus, ele aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu, e dessa forma, “tornou-se a fonte da salvação eterna para todos os que lhe obedecem, sendo designado por Deus sumo sacerdote” (5.8-10a).
Em Cristo nós temos não apenas um exemplo de humilde submissão e força no sofrimento, mas também temos uma fonte de salvação e consolo para nossas almas. Ele conhece aquilo que passamos não apenas por ser Deus e saber de todas as coisas, mas por ter se encarnado e ter sofrido também. Ninguém gosta de ser rejeitado ou afrontado, mas Cristo, “pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha”, suportando tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo (Hebreus 12.2-3).
Quando passarmos por sofrimento, oposição, vergonha ou desprezo, olhemos para o nosso Salvador, que a tudo isso sofreu, mas permaneceu firme em obediência ao Pai. Ele nos consola e nos fortalece. Ao passarmos por alguma situação que não sabemos resolver, geralmente buscamos ajuda daqueles que são mais experientes que nós, certo? Para quem então recorreríamos em dias de sofrimento senão Àquele que é homem de dores e que é experimentado no sofrimento?
Nesta Páscoa te convido a relembrar todo esse sofrimento que Cristo passou. Ele fez isso no seu lugar. Ele não merecia, nós sim. A oferta pela culpa ele ofereceu e para satisfazer o Criador ele morreu. Mas a morte não é o ponto final. Por isso celebre a ressurreição. O aguilhão da morte deu a sua fisgada, com seus ferrolhos ela tentou segurar o Verbo Eterno, mas era impossível para ela contê-lo.
Jesus Cristo ressuscitou, e se cremos nele, com ele também ressuscitaremos!
Guilherme Francisco Bragança Baraldi Vieira Neto - 28, quase 29 anos, pai da Lívia e casado com Beatriz. É nascido e criado em Belo Horizonte, onde além de morar, serve a Deus como pastor na Igreja Presbiteriana Belém. Ama ouvir música, ler livros e mangás, dar aula, também gosta e atua como designer nas horas vagas. É licenciado em Filosofia, formado em Teologia e atualmente cursa Pós-graduação em Teologia Aplicada.
¹A pergunta 27 do Breve Catecismo de Westminster; perguntas 46-50 do Catecismo Maior de Westminster.