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Resenha do livro: "Gustavo perde o controle"

Resenha do livro: "Gustavo perde o controle"

Quem me conhece sabe que eu amo ler. Que eu me lembre, gosto de ler desde a pré-adolescência. Dos livros de Pedro Bandeira e coleção Vagalume aos livros obrigatórios da escola, passando por Crônicas de Nárnia e outros de ficção cristã até os livros de teologia e vida cristã, eu não consigo pensar em um momento da minha vida sem livros por perto. Mas como mãe, agora não penso na leitura apenas para mim, pois desde que minha filha nasceu buscamos inserir o hábito de ler em voz alta para ela como parte da rotina. Com isso surge a questão: o que ler? Quais livros são bons? O que quero que ela aprenda com as histórias que vou ler para ela – e com ela quando estiver mais velha? Hoje quero falar sobre um desses que li recentemente e me tocou profundamente.

O livro “Gustavo perde o controle” faz parte da coleção publicada pela Editora Fiel “Boas Novas para os coraçõezinhos”. A Coleção conta a história dos personagens que moram na Campina das Amoreiras e são ensinados e aconselhados por seus pais, professores e líderes sobre Deus e o Grande Livro dEle. Não quero deixar de falar das ricas e belas ilustrações que essa coleção tem - confesso que me perco olhando os detalhes de cada desenho. Contudo, o foco do texto hoje é realmente sobre a temática deste livro – desejar demais alguma coisa – e a forma como ela foi abordada na história.

Gustavo ama doces, de todos os tipos. Todos os dias ele come doces e isto começa a se tornar uma compulsão para ele, o qual não consegue ficar sem. Ele perde o controle e nem presta atenção nas coisas que são mais importantes. Por causa disso ele faz uma coisa errada para ter mais doces, escondido de seus pais. Ao ser descoberto, seus pais o ensinam que aquilo não pode ser feito e a pedir perdão a quem foi afetado pela atitude errada que foi tomada. Se parássemos por aí eu já poderia ressaltar como é importante a atitude dos seus pais de corrigi-lo e incentivá-lo a resolver a situação que criou  por ter feito o que era errado.

Para a minha grata surpresa a história toma um rumo ainda mais interessante. Gustavo tem uma conversa com seu pai onde tem a oportunidade de abrir seu coração sobre as coisas que tem passado. Ele tem muita vontade de comer doces e não consegue parar. Ele se abre sobre sua motivação do coração que o levou a pecar. Seu pai ouve sua confissão e demonstra a mesma vulnerabilidade que o filho (claramente o princípio bíblico de confessarmos nossos pecados uns aos outros sendo aplicado). Ele então ensina que há inúmeras coisas boas que Deus fez para nós desfrutarmos, mas que podem ser mal administradas por nós e colocadas em um lugar que não cabe a elas. Nossos desejos podem estar desordenados. E isto é uma questão do coração, da alma humana que faz ídolos. A resposta nós já sabemos. “Provem e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia.” (Salmo 34:8) é o texto que o livro traz antes da história.

Foi neste ponto do livro que percebi que a história em questão não é apenas sobre ensinar o que é certo e errado, para além disso, a correção deve levá-los a ter entendimento sobre as motivações do seu coração caído. Todo ser humano luta com seus pecados e tentações. Na educação dos nossos filhos nós não estamos imunes a isso só porque somos os pais, mais velhos e mais sábios. Ao contrário, se somos cristãos, o tempo da nossa caminhada com Cristo deve nos levar a reconhecer a pecaminosidade do nosso próprio coração. É necessário ensinarmos o mesmo aos pequenos.

Educar, segundo o dicionário Michaelis, significa “Dar ou oferecer (a alguém) conhecimentos e atenção especial para que possa desenvolver suas capacidades intelectuais, morais e físicas.”¹ A educação dos filhos envolve ensinar as regras, corrigir quando necessário e ajudar nossos filhos a examinar o coração, à luz da Bíblia, para que peçam ajuda de Deus para mudar o seu comportamento, pensamento e desejos. Não queremos que nossos filhos apenas deixem de fazer as coisas erradas, mas queremos que tenham o coração transformado com as Boas novas através de Jesus. E se passamos pelas mesmas tentações que eles, não educamos como quem sabe de tudo e nunca erra e sim como pais necessitados da graça de Deus, que demonstram e aplicam misericórdia como aquela que recebemos diariamente do nosso Senhor.

Como Paul Tripp escreve no seu livro “Desafio aos pais” (mais uma indicação pra vocês): “A verdade é que são poucas as batalhas travadas na vida dos meus filhos que não estejam presentes na minha vida também (materialismo, relacionamentos, desejar tudo à minha maneira, atração pelo mundo, idolatrias sutis, etc...). Admitir essa verdade transformou minhas atitudes como pai. Em vez de me aproximar dos meus filhos com ira moralista, dirigi-me a eles como um pecador carente da graça. O plano de Deus é fazer com que sua invisível graça se torne visível aos filhos por meio de pais que oferecem graça aos que dela precisam – seus filhos. Pais que reconhecem quanto precisam da graça geralmente desejam oferecer graça a filhos que são exatamente como eles.” (p. 34)

Se você ler este ou outros livros desta coleção com seus filhos vai perceber claramente que os personagens estão ali aprendendo um com os outros diariamente a ter um viver correto diante da Palavra de Deus. Ela é colocada como central nos pontos-chave da história. Fica como alerta para nós corrigirmos nossos filhos de maneira sábia: dando-lhes as lentes corretas de como devem enxergar a si mesmos e as coisas ao redor. Posso te afirmar a riqueza destas histórias que vão trazer aprendizados para nós, pais, juntamente com nossos filhos. E de bônus, se tiver dúvidas de como abordar a temática do livro, ao final você ainda encontra uma seção na última página que te ajudará a aplicar as verdades bíblicas da história com seus filhos.

Beatriz Bragança Baraldi Vieira Neto - 25 anos, mãe da Lívia e casada com o Guilherme. Apesar de ser paulista, mora na cidade de Belo Horizonte-MG e serve junto com seu marido na Igreja Presbiteriana Belém. Ama cozinhar, tirar fotos, ler e estudar a Bíblia. Formada em Relações Internacionais e com pós-graduação de Teologia Bíblica e Sistemática.


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