Cresci pronta para correr minha carreira tão sonhada, ser independente e caminhar com minhas próprias pernas. Mas a vida de quem tem o mínimo de temor a Deus não anda bem conforme os seus próprios planos... 

A partir do momento que me casei já comecei a entender que toda essa independência planejada não seria bem o propósito do Senhor para mim. Mas foi depois da maternidade mesmo que meu castelo de areia ruiu definitivamente. Perante um ser tão indefeso e carente de cuidados, me vi diante do vale da decisão: ou encarava a missão com total responsabilidade ou continuava vivendo minha vidinha para mim mesma. Obviamente que os preceitos cristãos não me permitiram ficar com a segunda opção, e restou-me a entrega completa, sem reservas. 

E depois de um ano exercendo a maternidade, foi o próprio Senhor me convidou para renunciar à minha carreira e me dedicar exclusivamente à família. Tomar essa decisão nem foi difícil, porque eu tinha certeza de quem havia feito o convite e de que Ele estaria comigo todos os dias. Mas a caminhada em momento algum foi simples... o Senhor foi me conduzindo por uma trajetória de renúncias, onde pude enxergar meu egoísmo, minha imaturidade, tantas falhas e lacunas que precisavam ser resolvidas (e ainda estou no processo). 

E foi através dessa caminhada de entrega, em que pouco a pouco fui renunciando aos meus planos, à minha própria vida financeira, ao meu futuro tão planejado, que o Senhor foi se revelando e clareando meu entendimento quanto ao meu verdadeiro chamado e propósito. Hoje posso ver a beleza do ordinário, Cristo se manifesta e se revela entre um afazer doméstico e outro, através dos olhos curiosos e das indagações dos filhos, por meio do relacionamento familiar, pelo do servir diário aos seus. Existe beleza e contentamento em servir, em estar fora dos holofotes e de qualquer tipo de reconhecimento... assim com nosso Senhor despiu-se de sua glória para vir a essa terra como homem, fui chamada para abrir mão de cargos, títulos e posições que poderia alcançar. 

E assim, em meio a essa trajetória de transformação, onde meu ego foi sendo esmagado pouco a pouco, que Cristo pôde se manifestar e ser visto. À medida que eu diminuía, Ele crescia. Essa missão de criar filhos no caminho do Senhor de forma alguma é fácil ou simples, porém é um caminho sem volta, de envolvimento com o Criador, de dependência, e não deixa de ser extremamente compensadora. E esse é o reconhecimento da maternidade: ver filhos bem-criados no temor do Senhor!

A Maressa solteira nunca vislumbrou essa de hoje, mas certamente foi a melhor escolha que fiz... só posso dizer que toda renúncia, e o passar por tantos desafios, valeu a pena, e encararia tudo de novo!

Maressa - bióloga, casada com Filipe e mãe do Tito (13 anos) e João (11 anos). É paulista, mas morou por breve tempo em Minas Gerais, onde fez graduação e mestrado, e também namorou, noivou e casou. E há quase 16 anos mora em terras sul mato-grossenses, local onde seus filhos nasceram.